Eu não consigo
Texto originalmente publicado na revista 100% Skate
@
Parteum
O que o skate mais tem a oferecer não custa nada. Será que por isso a conta não fecha? Que conta? Dos produtos, do mercado, do fomento, das pistas, das revistas, do sucesso de cada skatista… Como assim? Skate é negócio, mas para permanecer sadio e rentável, precisa continuar sendo vibrante. O que o skate mais oferece, enquanto atividade física, arte e estilo de vida, sanduíche louco, é energia. Talvez seja apropriado trocar a palavra energia por vibração. Skate vibra, e exatamente por isso gera energia. Skate é pilha, mexe com os nervos, com a percepção, faz par com a rua, tem trilha sonora própria, comunica, ilumina, tranca portas e joga fora as chaves. É coisa maluca que junta um monte de gente num só lugar, cada um em seu processo solitário, compartilhando tombos e acertos. Skate é música improvisada. Skate é espelho, diz quem você é sem que a pergunta seja feita. É difícil domar algo tão revelador. Eu não consigo. Trata-se de uma entidade que ninguém domina, afinal. Viva o asfalto acidentado da minha rua e da sua.